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Como a Kibon foi de “feito para crianças” a “alto em açúcar”.

Picolé cor-de-rosa

Nesse sentido, reconhecendo o compromisso social e ético do Conselho Federal de Nutricionistas, e com vistas à preservação da autonomia dos indivíduos e coletividades, este Conselho se manifesta de forma desfavorável ao uso da categoria profissional de “nutricionistas” nos rótulos e publicidades de alimentos ultraprocessados destinados a crianças, considerando que os produtos comercializados não fazem parte de alimentação saudável e adequada para crianças

Notificação Extrajudicial do Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) à Unilever/Kibon, janeiro de 2023

Como começou?

O OPA recebeu uma denúncia de pessoa consumidora contra o picolé Frutilly morango, da marca Kibon. A pessoa denunciava a utilização do selo “Desenvolvido com nutricionistas. Feito para crianças”, presente no painel principal do produto alimentício ultraprocessado. A partir daí, o Idec levantou todos os produtos da linha infantil da marca que apresentavam este selo no seu rótulo, emitiu um parecer técnico sobre tais produtos e enviou uma notificação ao CFN solicitando um posicionamento referente a essa prática de mercado, que utiliza a categoria profissional de nutricionistas em rótulos e publicidades de ultraprocessados destinados a crianças. 

Qual foi o problema identificado?

De acordo com a classificação Nova de alimentos, utilizada pelo Guia Alimentar para a População Brasileira, os picolés da linha infantil da Kibon são classificados como ultraprocessados. Considerando os rótulos analisados em 2022, os produtos são compostos por diferentes tipos de açúcares (açúcar, açúcar líquido invertido, frutose, maltodextrina, suco de fruta concentrado e xarope de glicose) e aditivos alimentares cosméticos (corantes carmim e urucum, emulsificante mono e diglicerídeos de ácidos graxos, aromatizantes, emulsificante mono e diglicerídeos de ácidos graxos). Além disso, um dos picolés da linha contém gordura vegetal.

Com a alegação “Desenvolvido com nutricionistas. Feito para crianças”, o produto pode remeter a uma opção saudável e levar os consumidores a terem percepções mais positivas e maior disposição para comprar esses produtos, mesmo que as diretrizes alimentares brasileiras recomendem evitar produtos alimentícios desse tipo.

Associar o profissional nutricionista ao produto sugere “legitimidade aos produtos” e sustenta “a percepção de segurança por parte do consumidor, tendo em vista que seus efeitos negativos à saúde não são expostos. O vínculo entre profissionais da saúde e a indústria indica endosso dos produtos, atribui percepções positivas à marca, bem como amplia as chances de fidelização dos consumidores, com potencial de impactar diretamente na compra e consumo”.

Que providências foram tomadas?

No dia 23 de janeiro de 2023, o CFN emitiu uma notificação extrajudicial se manifestando de forma desfavorável ao uso da categoria profissional de “nutricionistas” nos rótulos e publicidades de produtos alimentícios ultraprocessados destinados a crianças, considerando que os produtos comercializados não fazem parte de uma alimentação saudável e adequada. Com isso, o Conselho solicitou que a marca de sorvetes retirasse dos mercados e de qualquer meio de publicização, tais como websites e redes sociais, os produtos da “linha infantil/kids Kibon®” que contenham no rótulo os termos: “aprovado por nutricionista(s)/Desenvolvido com nutricionistas. Feito para crianças”.

Além disso, também foi solicitado que a marca não mais inclua em seus rótulos o termo “nutricionista” e que comuniquem no website e nas redes sociais da empresa Kibon, bem como ao CFN, a adoção das medidas solicitadas.

No início de 2024, a equipe do OPA conseguiu encontrar rótulos de um produto da linha sem o selo “Desenvolvido com nutricionistas. Feito para crianças”.

A publicidade ilegal pode estar em qualquer lugar

A publicidade de alimentos pode aparecer na televisão, rádio, revistas e jornais. Na internet, elas podem estar em diferentes formatos, como em publicações nas redes sociais e até junto a youtubers e influenciadores (os famosos unboxings e recebidos, por exemplo). Além disso, há lugares que às vezes nem reparamos, mas estão repletos de publicidade, como eventos em escolas, empresas e parques, materiais didáticos, panfletos, folders, banners e promoções. Os próprios rótulos dos produtos também funcionam como meio de publicidade, no qual os elementos para atrair os consumidores ganham mais destaque que as informações realmente importantes. Muitas vezes, é tão difícil identificar, que não notamos que estamos sendo persuadidos a escolher determinado produto. 

Vamos juntos relatar esses abusos. Denuncie qualquer suspeita!

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