Toda publicidade que se aproveita da deficiência de julgamento e experiência da criança é considerada abusiva, portanto, ilegal.
Você já parou pra pensar como é difícil ir ao supermercado com as crianças? Isso acontece porque elas sempre pedem por produtos com aspectos que são familiares a elas. E a publicidade sabe disso mais do que ninguém. Por isso, utiliza embalagens com seus personagens e artistas preferidos, linguagem lúdica, cores chamativas, dentre outras características que atraem os pequenos. É por isso que esse tipo de prática é proibida no Brasil e em diversos países, como Canadá, França, Chile e Peru.
Crianças até 12 anos não conseguem entender e separar as mensagens das publicidades, e por isso não conseguem distinguir a realidade da fantasia, podendo interpretar algo fictício como verdadeiro. Além disso, a exposição frequente à publicidade de produtos em idades precoces pode contribuir para que as crianças prefiram marcas específicas, criando um consumidor leal a produtos não saudáveis no futuro.
Sabe aqueles personagens em forma de animação que algumas marcas usam em seus comerciais televisivos, vídeos de internet e embalagens?
O super herói do desenho favorito das crianças, o tigre na embalagem, o palhaço que vai às escolas para vender hambúrguer… pois é! Todos eles são parte de uma estratégia publicitária voltada para chamar a atenção dos pequenos e induzi-los a querer o alimento. Essa prática publicitária é considerada abusiva, porque mostra um personagem que ela já conhece, gosta, confia e que, por isso, acaba fazendo associação a algo bom.
Sabe quando aquele YouTuber de programa infantil recomenda uma bolacha, uma bala, ou então faz um “unboxing” de um produto no seu programa? Ou então quando aquele ator famoso que as crianças amam fala sobre como um salgadinho cheio de sódio é super saboroso?
Isso é proibido! Até os 12 anos, a criança não consegue separar totalmente a fantasia do mundo real, portanto, são muito suscetíveis a práticas publicitárias.
Estratégias como “Compre e concorra a uma viagem”, “Junte 5 embalagens e troque por um relógio”, dentre tantas outras que promovem o consumismo, são todas abusivas. Muitas vezes, elas ainda estimulam que as crianças consumam produtos que, na verdade, só querem pelo brinde.
Quando a publicidade exige que a criança acumule um produto ultraprocessado, como bolachas, doces e salgadinhos, essa prática ainda promove o consumo excessivo de um alimento que faz mal para a saúde.
Já percebeu como os comerciais e embalagens de alimentos usam e abusam de cores, efeitos especiais animados, linguagem infantil como se fossem crianças que tivessem criado aqueles conteúdos?
Os publicitários sabem muito bem disso! Tão bem que se aproveitam: Uma pesquisa de 2019 realizada pelo Idec e Unicef mostrou que o que mais chama a atenção das crianças ao escolherem o alimento no mercado são as cores e desenhos nas embalagens.
Sabe aquela musiquinha que a criança aprende na TV ou no Youtube e que depois não tira da cabeça?
Pois é! Tem uma razão pra isso: as empresas sabem que em idade de formação, a mente das crianças absorve com muito mais facilidade mensagens quando estão acompanhadas por uma música. Muitas vezes, as crianças nem entendem exatamente o significado da letra em si, mas acabam por memorizar a música, associá-la à marca e naturalizar a mensagem sem sequer perceber. Isso pode gerar um efeito duradouro e de fidelidade à marca.
Sabe quando aquelas marcas de doces, chocolates, salgadinhos, lançam jogos em que o personagem da marca e a pontuação estão associados ao produto que querem vender?
Pois é! Tudo planejado para engajar as crianças em gastar uma atenção enorme lendo e desvendando mensagens da marca que, não raramente, se convertem em pedidos de compras para os pais.
A publicidade de alimentos pode aparecer na televisão, rádio, revistas e jornais. Na internet, elas podem estar em diferentes formatos, como em publicações nas redes sociais e até junto a youtubers e influenciadores (os famosos unboxings e recebidos, por exemplo). Além disso, há lugares que às vezes nem reparamos, mas estão repletos de publicidade, como eventos em escolas, empresas e parques, materiais didáticos, panfletos, folders, banners e promoções. Os próprios rótulos dos produtos também funcionam como meio de publicidade, no qual os elementos para atrair os consumidores ganham mais destaque que as informações realmente importantes. Muitas vezes, é tão difícil identificar, que não notamos que estamos sendo persuadidos a escolher determinado produto.
Vamos juntos relatar esses abusos. Denuncie qualquer suspeita!