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Linha Zooreta da Mãe Terra alega ser saudável para ganhar passe livre nas lancheiras das crianças

A promoção da linha “Zooreta®” como sendo uma opção nutricional adequada e ideal para uma criança induz ao erro os pais e responsáveis a acreditarem que tais produtos são adequados e recomendáveis ao consumo infantil, especialmente no ambiente escolar. Ocorre que, conforme demonstrado na análise nutricional trazida no tópico anterior, os produtos comercializados pela marca são ultraprocessados” 

Trecho da Denúncia do Idec à Senacon e ao PROCON-RJ, 03 fevereiro de 2025

Como começou?

No fim de 2024, especialistas do OPA identificaram que os produtos da Zooreta, linha infantil da Mãe Terra que se promove como uma opção saudável, sustentável e ideal para o consumo das crianças e compor as suas lancheiras, são na verdade ultraprocessados. 

Qual foi o problema identificado?

A linha Zooreta – “a mudança começa pela lancheira” – faz parte da marca Mãe Terra, da Unilever, e tem como foco o público infantil e seus responsáveis. Com um portfólio variado, a marca promove seus produtos como opções saudáveis e sustentáveis para compor a lancheira escolar. O Grupo de Estudos, Pesquisa e Práticas em Ambiente Alimentar (GEPPAAS/UFMG) analisou sua estratégia de comunicação para o OPA e identificou três principais apelos: o direcionamento infantil, o destaque para ingredientes associados à saúde e a recomendação explícita para a lancheira escolar.

No entanto, uma análise técnica do Idec revelou que todos os produtos da linha são ultraprocessados. Entre os ingredientes identificados estão os aditivos alimentares com funções cosméticas, que aumentam as características sensoriais do produto, como: emulsificantes, gelificantes, corantes e aromatizantes. De acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira e o Guia para Crianças Brasileiras Menores de 2 anos, os ultraprocessados não devem ser oferecidos para crianças e devem ser evitados por adultos.

Apesar da comunicação da marca sugerir que Zooreta é uma opção adequada para as lancheiras, cidades como Rio de Janeiro e Niterói, possuem leis que proíbem a comercialização de ultraprocessados em escolas. Além disso, o Brasil conta com normas que visam restringir a exposição de crianças a esses produtos no ambiente escolar, incluindo um Decreto presidencial.

Que providências foram tomadas?

Em fevereiro de 2025, o Idec apresentou duas denúncias contra a Unilever, responsável pela marca Mãe Terra: uma ao PROCON-RJ e outra à Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon). A escolha do órgão no Rio de Janeiro se deve às diretrizes legislativas do estado e de alguns de seus municípios sobre a alimentação no ambiente escolar.

Na denúncia enviada à Senacon, além de solicitar a abertura de um processo administrativo e de fiscalização para averiguar a conduta da Unilever, o Idec pede que o órgão divulgue novamente a Nota Técnica nº 3/2016/CGEMM/DPDC/SENACON para orientar a atuação do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor sobre o tema, especialmente no início do ano letivo. O instituto também recomenda que a Senacon articule ações com outros órgãos, como o Ministério da Saúde e o Ministério da Educação, para alinhar a proteção dos consumidores às políticas públicas de saúde e educação.

A publicidade ilegal pode estar em qualquer lugar

A publicidade de alimentos pode aparecer na televisão, rádio, revistas e jornais. Na internet, elas podem estar em diferentes formatos, como em publicações nas redes sociais e até junto a youtubers e influenciadores (os famosos unboxings e recebidos, por exemplo). Além disso, há lugares que às vezes nem reparamos, mas estão repletos de publicidade, como eventos em escolas, empresas e parques, materiais didáticos, panfletos, folders, banners e promoções. Os próprios rótulos dos produtos também funcionam como meio de publicidade, no qual os elementos para atrair os consumidores ganham mais destaque que as informações realmente importantes. Muitas vezes, é tão difícil identificar, que não notamos que estamos sendo persuadidos a escolher determinado produto. 

Vamos juntos relatar esses abusos. Denuncie qualquer suspeita!

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